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Muita gente não imagina como formar um bom Acupunturista seja tão difícil. Antes de iniciar uma formação em Acupuntura, deve-se procurar saber se a instituição de ensino é gabaritada; se tem tradição; se já formou muitos alunos, que exercem a profissão no mercado de trabalho; e se o corpo docente é realmente competente. Infelizmente, muitos cursos são uma verdadeira aventura acadêmica sem nenhuma infraestrutura técnico-pedagógica e carente de
amadurecimento científico para formar profissionais, os quais terão a responsabilidade de cuidar da saúde alheia. Não devemos nos enganar com o marketing agressivo, que, com falsas promessas, muitas vezes, induzem o interessado a “comprarem” conhecimentos como se fosse mercadoria. As redes sociais estão cheias de armadilhas e falcatruas.

A Acupuntura e técnicas complementares são, tão-somente, um dos recursos terapêuticos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), conhecida em outros países do Oriente como Medicina Oriental. A MTC tem em seu arsenal terapêutico diversas terapias além da Acupuntura, como a Fitofarmacoterapia, a Dietética Chinesa, os Exercícios Energéticos (Qi Gong), as Técnicas de Manipulação Corporal (Tuina), e até os recursos meditativos de cura mente-corpo.

Para estudar apenas a Acupuntura é fundamental compreender, inicialmente, toda a Doutrina Médica Oriental, ou seja, os Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a Fisiologia Energética, a Anatomia dos Canais e Pontos Energéticos, a Etiopatogenia e a Fisiopatologia para só então estudar a Semiologia e Propedêutica da MTC. Em outras palavras, um conhecimento básico e essencial sem o qual não é possível aprender a aplicar agulhas ou qualquer outro recurso terapêutico, pois a pessoa não sabe diagnosticar, energeticamente, o paciente. Sem o
diagnóstico energético é temerário o emprego da Acupuntura, mesmo que o paciente já tenha sido diagnosticado pelo método convencional.

A prescrição ou indicação de qualquer tratamento por Acupuntura, requer, precipuamente, a conciliação do diagnóstico médico com o diagnóstico energético, posto que o primeiro diagnóstico propicia algumas indicações, especialmente, para quadros sintomáticos, e o segundo, além de tratamentos sintomáticos, propicia, sobretudo, o tratamento da causa da enfermidade ou etiologia, além de condutas preventivas bem como de promoção da saúde.

Na atualidade, muitos profissionais empregam a Acupuntura sem o diagnóstico energético adequado. Ocorre que, sem ele, é impossível desenvolver um raciocínio clínico seguro para traçar uma estratégia terapêutica correta. O Acupunturista que não aprendeu a avaliar a condição energética de seu paciente, não deveria, sob qualquer pretexto, inserir agulhas em ninguém, pois seria concorrer com a ineficácia, a inocuidade e a insegurança sanitária. Contudo, se o mesmo se arriscar a usar a Acupuntura sem os referidos cuidados, caracterizarse-á uma conduta temerária e antiética, própria do pseudo-profissional que é chamado no Oriente de “agulheiro”, ou seja, aquele que insere agulhas nas pessoas sem conhecimento de causa para “tratar” sintomas.

Muitos cursos de Acupuntura não ensinam ou não enfatizam o estudo da Doutrina, da Fisiopatologia, tampouco da Semiologia e Propedêutica, comprometendo a performance dos futuros profissionais, seja porque é um aprendizado complexo seja porque o professor não domina o mencionado conhecimento. Destarte, não é incomum encontrarmos portadores de certificados de especialização ou de formação em Acupuntura emitidos até mesmo por instituições de ensino superior, que, literalmente, não sabem exercer a profissão nem praticar a Acupuntura, independentemente da qualidade de seus estudos científicos pretéritos. Visando minimizar esse prejuízo, alguns procuram se aperfeiçoar na prática clínica em outras instituições com tradição ou com outros professores competentes, mas, às vezes, a carência
de conhecimentos e habilidades é tamanha, que fica inviável até mesmo os treinamentos de nivelamento ou complementares. Não se deve dar um “jeitinho” nem procurar um caminho mais fácil sem concretude acadêmica-cientifico, pois de nada adiantará sem uma boa formação e treinamento total.

Outro grave problema é a falta de amadurecimento clínico e de treinamento de habilidades e competências dentro de ambiente ambulatorial ou hospitalar. Alguns cursos não oferecem sequer infraestrutura para o treinamento prático supervisionado, acarretando um descompasso de teoria e prática. O ideal seria que a prática clínica e o estágio supervisionado tivessem a duração mínima de, no mínimo, 12 meses ou em torno de 500 horas de treinamento com
aproveitamento comprovado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a World Federation of Acupuncture and Moxibustion Societies (WFAS) preconizam uma formação completa em Acupuntura com 2.500 horas/aula para quem não for profissional da área da saúde e 1.500 horas/aula para os graduados na referida área. No Brasil, a carga horária de treinamento se encontra aquém dessa realidade.

Finalmente, se o profissional souber diagnosticar, souber prescrever e souber executar o tratamento adequado, conseguindo avaliar a evolução do tratamento até a alta do mesmo, posso imaginar que teve uma formação apropriada, uma vez que, a partir daí, aluno terá condições de se manter atualizado, de acordo com as circunstâncias do exercício profissional.

Caso alguém, após essas considerações, desejar aprender a Acupuntura e MTC, sugiro que responda para si mesmo três perguntas: se tem condições de estudar com seriedade a Acupuntura? Se gosta de gente e tem paciência para ajudar as pessoas doentes e em sofrimento? Se tem a humildade e respeito para se debruçar sobre um conhecimento diferente do que já estudou até então? Isto posto, se as respostas forem favoráveis, aproveite a oportunidade e mergulhe fundo nesse oceano de conhecimento e de sabedoria de uma rica cultura milenar e boa sorte!

Prof. Sohaku Bastos, Ph.D.
• Diretor da World Federation of Acupuncture and Moxibustion Societies (WFAS/OMS) para o Brasil
• Vice-Presidente Internacional para Assuntos Legislativos da WFAS
• Presidente da Federação Brasileira das Sociedades de Acupuntura (FEBRASA)
• Fundador do Sistema Educacional ABACO/CBA.
• Diretor Institucional das Faculdades Integradas da UNIBAHIA
• Presidente do Instituto Cultural Brasil-Japão (ICBJ)

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